A ocupação do Alemão

Do site da OAB/RJ Wadih Damous* O comando da Força de Paz que começa a atuar nos complexos do Alemão e da Penha garante que não serão tolerados desvios de conduta nas tropas ou nos contingentes das polícias Civil e Militar sob suas ordens. Quem desrespeitar os direitos da população deverá ser afastado. É bom que esse compromisso tenha sido assumido, pois nos primeiros dias da ocupação das comunidades, onde vivem mais de 100 mil pessoas, não faltaram denúncias de trabalhadores contra policiais, por abusos e até roubos. A Ordem dos Advogados do Brasil apoiou, desde o início, a ação empreendida pelas autoridades fluminenses, com a ajuda das Forças Armadas, para a retomada do imenso território enquistado, em anos e anos de ausência do poder público, pelo narcotráfico. Desta vez, a ação foi inteligente, conseguiu desalojar bandidos e apreender grande volume de drogas e armamentos. E o mais importante, poupando vidas inocentes. Parecem ter ficado para trás as operações que se limitavam a entrar, matar e sair. Tomara. A OAB estará atenta ao árduo trabalho a cargo da Força da Paz, confiante de que no enfrentamento aos criminosos serão respeitados a Constituição, os direitos civis, individuais e humanos nas áreas ocupadas. É importante assinalar nossa convicção de que a presença das Forças Armadas deve se dar num período de tempo limitado. E a esperança de que a presença social do Estado se torne uma realidade em breve. Isto, sim, será a redenção das comunidades. Parece-nos fundamental, ainda, que o governo do Rio dedique-se com afinco a combater outro inimigo tão ou mais perigoso que o tráfico, porque está incrustado no próprio Estado: a milícia, que, com a desarticulação das outras quadrilhas, tem a oportunidade de ampliar seus negócios criminosos. *Wadih Damous é presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seção Rio de Janeiro Artigo publicado nojornal O Dia, 14 de dezembro de 2010